Falhas repetidas de FIV e abortos espontâneos de causa desconhecida

As falhas repetidas em tentativas de fertilização in vitro (FIV) ou os abortos espontâneos de causa desconhecida são situações em que a mulher transfere embriões várias vezes, mas a gravidez não ocorre ou é interrompida nas fases iniciais.

Esse diagnóstico é estabelecido quando três ou mais tentativas de FIV terminam sem sucesso ou quando a gravidez é interrompida sistematicamente no primeiro trimestre, sem uma causa claramente identificada.

Possíveis causas
Os fatores que impedem a obtenção e a manutenção da gravidez podem ser variados e, frequentemente, combinados:

  • Genéticas — anomalias cromossómicas nos pais ou nos embriões, mutações genéticas que impedem o desenvolvimento normal do feto.

  • Imunológicas — reação agressiva do sistema imunológico materno, que percebe o embrião como um “corpo estranho” e bloqueia o seu desenvolvimento.

  • Endometriais — alterações estruturais ou funcionais do endométrio, quando a mucosa uterina não consegue garantir a implantação e nutrição do embrião.

  • Distúrbios de coagulação sanguínea — trombofilias ocultas que provocam microtromboses nos vasos placentários.

Por que é impossível levar a gestação até o fim

  • Falta de implantação — o embrião não se fixa na cavidade uterina.

  • Morte precoce do embrião — mesmo que a implantação ocorra, o desenvolvimento é interrompido devido a alterações imunológicas ou metabólicas.

  • Incapacidade funcional do endométrio — a mucosa uterina não consegue sustentar o desenvolvimento da gravidez.

  • Abortos espontâneos repetidos — esgotam física e emocionalmente a mulher, reduzindo as chances de uma gravidez bem-sucedida no futuro.

Soluções possíveis

Avaliação completa:

  • Análise genética do casal e dos embriões (PGT-A).

  • Testes imunológicos (avaliação de células NK, anticorpos, compatibilidade HLA).

  • Diagnóstico do estado do endométrio (biópsia, histeroscopia, análise para endometrite crónica).

  • Exames para detecção de distúrbios ocultos da coagulação sanguínea.

Correção dos problemas identificados:

  • Terapia imunomoduladora.

  • Tratamento de processos inflamatórios no endométrio.

  • Otimização do equilíbrio hormonal.

  • Uso de óvulos ou esperma de doador em casos de alterações genéticas graves.

Se as causas não puderem ser eliminadas, considera-se a transferência do embrião para uma mãe de substituição, o que permite manter o vínculo genético com a criança e evitar os riscos de perda gestacional.

Em conclusão, as falhas repetidas de FIV e os abortos espontâneos de causa desconhecida não são uma sentença, mas sim um desafio que exige investigação aprofundada, um plano de ação claro e uma abordagem individualizada. A medicina reprodutiva moderna permite não apenas identificar as causas ocultas do problema, mas também propor soluções que preservem a possibilidade de se tornar pais — desde o tratamento e correção dos fatores de risco até ao uso da gestação de substituição. O mais importante é não desistir na procura do caminho para o tão desejado filho.